quarta-feira, 31 de março de 2010

Salvador


Bandeira de Salvador

No barulho costumeiro da cidade, às conversas do ônibus de cada dia, voltava para casa depois de mais uma manhã de aula. De repente, um daqueles grupos de baianos voltando da praia do final de semana, começa o show.

"Comigo é na base do beijo, comigo é na base do amor..."
"Bebeu água? Não. Tá com sede..."
"Eu preciso de você, você precisa de mim..."
"Relaxe na bica, relaxe na bica..."
"Assim ela já vai, achar um cara que lhe queira..."
"Preciso de um back pra ficar na moral..."
"Cause all I ever have: Redemption songs..."
"Campeão, vencedor, Deus dá asas..."

Em meio a uma miscelânia de ritmos, gostos e sons, todos acompanhados de um timbau (instrumento de percussão) que, por vezes não se mostrava bem afinado, aquele ônibus foi, aos poucos, levado pela alegria daquele grupo de pessoas. A princípio os passageiros resmungavam, olhavam com cara feia, como se recriminassem aquela batucada no transporte coletivo. Mas, aos poucos, depois de brincadeiras sempre muito bem humoradas como "ele vai dá uma catchupada na barata dela", onde o cobrador e o motorista foram forçados a responder, correndo o risco de serem acusados de não ter intimidade com as baratas delas, aquele transporte e todas as pessoas dentro dele passavam a sorrir e, quase que involuntariamente, a entrar na brincadeira do pessoal do fundão.

Enquanto uma gringa se sacudia do meu lado, olhando como quem perguntasse "ei, você não vai sacudir, também?" eu pensava naquilo tudo e, durante aquele momento, senti inveja do pop-reggae-axé-internacional-gospel-pagode-samba-rock daqueles baianos, cantando, rindo, brincando despreocupados. Vivendo.

Parabéns, Salvador. Parabéns ao seu povo, que resiste aos inúmeros problemas sociais do dia a dia encantando a muitos, pelos quatro cantos do globo.