quarta-feira, 10 de março de 2010

As damas do tráfico

Não é de hoje que as mulheres vêm ganhando respeito e destaque na sociedade. Nos espaços onde predomina a liderança masculina, elas se fazem cada vez mais presentes – e quando falamos em todos os espaços são todos mesmo, inclusive o mundo do crime, mais especificamente o do tráfico de drogas.

Se até pouco tempo as mulheres envolvidas com o tráfico apenas desempenhavam algumas funções de apoio aos homens, como transporte e venda de drogas, agora também desfrutam dos “privilégios” que isso traz. Para ganhar destaque neste universo onde os homens comandam, elas se envolvem com os líderes do tráfico, e então tornam-se respeitadas na comunidade, passando a levar uma vida de “madame da favela”. Outras buscam a emoção de viver perigosamente.

Um bom exemplo disso é Kelly Sales Silva, 21 anos, conhecida como
Kelly Doçura, ou Kelly Cyclone. Detida no mês passado, enquanto participava de uma festa no bairro da Boca do Rio, que ficou conhecida como “festa do pó”, Kelly conseguiu seus 15 minutos de fama e até a capa de um jornal, onde aparece mostrando algumas de suas 20 tatuagens. O apelido Cyclone vem da marca de roupas que ela costuma usar. De sua experiência – que inclui o suicídio do pai do seu filho após o fim do namoro, o relacionamento com um traficante e a morte de um namorado numa briga – veio a inspiração para uma das tatuagens: vida loka.

Kelly ganhou destaque e, como tantas outras capas de jornal, logo será esquecida. Mas garotas “vida loka” como elas continuarão existindo. No universo em que vivem, a atração pelo perigo e o poder parece ser inevitável.
Por Adriele Bandeira e Laís Ferreira