segunda-feira, 29 de março de 2010

Transitando em Salvador




"Vou dar a volta no mundo eu vou, vou ver o mundo girar" (Crença e Fé)

Transitar nessa cidade que hoje completou 461 anos e com quase 3 milhões de habitantes, ou seja muito maior que a população Estado de Sergipe e Alagoas, por exemplo, exige paciência e um mp3 (que poderá ser roubado, é claro). É o caso de José Bastos, 31 anos, que mora na Sussuarana e trabalha no Lucaia, e ele como muitos dos soteropolitanos não tem carro próprio e precisa usar o transporte público.

Para chegar ao seu trabalho às 7h30, José acorda 6h da manhã, pega um Barra-R2, da empresa Vitral, que passa pela Avenida Luís Viana Filho, mas que todos conhecem por Paralela. Coloca o fone no ouvido e vai curtindo sua viagem de uma hora, que normalmente duraria 15 minutos. Por que quando dá 7h da manhã essa avenida se torna um inferno, parece que os 700 mil veículos de passeio e todos os ônibus que existem em Salvador estão por lá. Quando enfim o ônibus vai chegando proximo ao Iguatemi, o inferno vai ficando ainda mais dantesco: buzinadas que não levam a nada, pessoas estressadas às 7h da manhã. Essa é a grande cidade de São Salvador e os notíciários avisam: a cada ano 48 mil novos veículos entrarão em circulação na capital, que não foi planejada para esse fluxo. Sorte a de José que nesse momento ouve apenas: "Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar".

E pensar que em 1871, quando a TransSalvador ( Superintendência de Trânsito e Transporte de Salvador) não existia, centenas de soteropolitanos se juntaram nas ruas para ver passar o primeiro automóvel do Brasil, a geringonça foi trazida pelo senhor Francisco Antônio Pereira da Rocha da França, e deu suas primeiras voltas saindo da Ladeira da Conceição da Praia em direção à Praça do Palácio. Na verdade, o modelo mais parecia com um rolo compressor para assentar asfalto. Com esse aspecto levantou suspeitas e gerou apostas quanto à sua capacidade de subir ladeiras. Lembrando que esta é uma cidade divida por uma falha geológica, designando assim a cidade alta e a cidade baixa e aí dá-lhe ladeiras. Mas contrariando os pessimistas, o veículo superou as expectivas e deixou o senhor Francisco popular por seu incrível e curioso artigo.
A TranSalvador, que só foi criada em 1992, e como o nome diz, é responsável pelo transporte dentro de Salvador e da região metropolitana. Mas por experiência, fica o aviso que se precisar saber do trânsito da cidade liga para o Corpo de Bombeiros; para alguém que more perto da região do Lucaia, ou trabalhe no Iguatemi; na Paralela e recentemente na Rótula do Abacaxi, os pontos mais críticos do trânsito da cidade.

O órgão sinalizou este mês de março que vinte e três novas câmeras de monitoramento serão implantadas nos tais pontos críticos - às 18h a cidade fica crítica por inteira - . As câmeras irão identificar novas ocorrências e acionar com mais brevidade o serviço da "Trans". Rezem para ser verdade. É notório que todo o trânsito da cidade vem sofrendo diversas alterações. Na Rótula do Abacaxi a Via Expressa vai ligar a Avenida Heitor Dias à rodovia BR-324 e ao bairro do Cabula. Mas até acontecer isso, esse vai continuar sendo outro ponto infernal da cidade.

E a culpa é de quem compra carro novo, não é prefeito João Henrique? E o metrô João, vai ficar para os 500 anos de Salvador?