quarta-feira, 31 de março de 2010

O que comemorar nesse dia 29 de março?

Reprodução, Foto de Claudiana Silva Rio Lucaia poluído, na Avenida ACM




Aos 461 anos Salvador, uma criança ainda, não está em sintonia com o mundo. Falo especificamente de questões ecológicas. No dia 22 de março saiu um estudo que falava da situação dos rios/esgotos da cidade. De acordo com a pesquisa A Qualidade Ambiental das Águas e da Vida Urbana em Salvador, feita pelo Centro Interdisciplinar de Desenvolvimento e Gestão Social, da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia (Ciags-Ufba), dos 12 rios da cidade, 10 apresentam níveis críticos de poluição. Somente os rios do Cobre e o Ipitanga, têm índice regular ou bom.

Além disso, a Prefeitura Municipal, na contramão dos esforços mundiais para despoluir rios e nascentes nos perímetros urbanos, cobriu em 2008 o Rio dos Seixos, na Avenida Centenário, em meio a protestos de entidades que defendia a revitalização do rio, no lugar de cobri-lo. Está em andamento, também obras para cobertura do Rio das Pedras no Imbuí, com placas de concreto. Mesmo com protesto do Instituto de Gestão das Águas e Clima da Bahia - Ingá.

Para a população parece ser a melhor solução tapar o rio. Essas populações, principalmente os moradores mais antigos dessas localidades, admitem um dia já terem tomado banhos, lavado roupas, e até mesmo consumido essas águas, e mesmo assim, defendem a cobertura desses rios, como podemos perceber nas propagandas da Prefeitura - moradores do Imbuí defendem tampar o Rio da Pedras, alegando o mau cheiro e os constantes alagamentos em dias de chuva. Esse mau cheiro é causado pelos despejos de dejetos nos rios, e os alagamentos pelo entupimento dos canais com lixos sólidos.

Um projeto para despoluir e evitar jogar dejetos nessas águas poderia resolver esses problemas, e levaria para as populações que vivem a margem desses rios mais qualidade de vida. Mas se o poder público não apresenta outra alternativa, a não ser tapar os rios, os moradores vão preferir vê-los tapados, a ter que conviver com o mau cheiro e os alagamentos. Há quem diga que a Prefeitura de salvador pretende ainda, tapar mais dois ou três canais da cidade. O canal da Avenida Vasco da Gama, o do Iguatemi e do Vale do Canela.

Tampar os rios ao invés de incluí-los na malha urbana da cidade, com grandes volumes de recursos públicos é um crime ambiental. Mesmo cidades brasileiras, como é o caso de Belo Horizonte que tem feito projetos, desde 2003, de recuperação e revitalização de seus rios, para incluí-los como fonte de lazer para a população. Salvador chega ao seu 461º aniversário com seus rios degradados e sendo aos poucos encobertos, a Prefeitura prefere jogar o lixo pra debaixo do tapete. Até quando vamos permitir isso? Por que, simplesmente, não seguimos o exemplo de cidades como Londres, Seul, ou mesmo Belo Horizonte?