segunda-feira, 15 de março de 2010

Sobre gays da direita republicana e direitos dos gays

No dia 03 de março o senador republicano Roy Ashburn, pai de quatro filhas, foi preso por dirigir bêbado. O senador estava num carro do governo com um "rapaz não-identificado" (rs), e sua prisão se deu há poucas quadras de uma boite gay em Sacramento, no meio da madrugada. Rumores acerca da sexualidade do senador não demoraram a surgir, e no dia 08 Roy - que, vejam só, havia votado contra todas as propostas apresentadas para expandir os direitos legais para a população LGBTTIQ, do direito ao casamento à instituição do Harvey Milk Day - assumiu a própria homossexualidade num programa de rádio.
O grupo Equality California, que defende a expansão dos direitos LGBTTIQ no estado pelo qual o senador foi eleito, deu consecutivos zeros a Ashburn em sua tradicional avaliação de políticos que apoiam a causa. No mesmo programa de rádio em que saiu do armário, Ashburn disse que tinha que defender, nas votações no senado, a posição do seu eleitorado, não a dos gays.
O coordenador do Grupo de Pesquisa em Cultura e Sexualidade (CULT-UFBA) Leandro Colling, doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea pelo PPGCCC, da Facom-UFBA com tese na área de mídia e eleições, disse em entrevista que "Queria ver o que iria acontecer se alguém disesse que está votando a favor dos seus eleitores machos, brancos e de classe alta". Colling acredita que "esse escândalo mostra mais uma vez o poder da homofobia. Por causa dela, um gay, ao invés de lutar por conquistas para a comunidade gay, vira um anti-gay. Sem pensar nisso, iremos individualizar um problema que, assim, nunca será resolvido".
Nos Estados Unidos, várias organizações como a Equality California vem conseguindo diferentes níveis de avanços legais quanto aos direitos LGBTTIQ junto aos governos estaduais. Aqui no Brasil, temos o PLC 122/2006, antigo Projeto de Lei nº 5003-b/2001, apelidado por conservadores de "Lei da Mordaça Gay", em tramitação no legislativo já há quase uma década. O projeto, que sofre grande resistência da bancada religiosa, pretende enquadrar discriminação por identidade de gênero e orientação sexual na categoria de crimes de discrminação ou preconceito, e vive "pra lá" e "pra cá" no senado.
Há também o Programa Brasil Sem Homofobia, que segundo Colling "foi um importante passo, mas anda muito lentamente". Em Salvador, temos a lei municipal que proibe discriminação por orientação sexual em estabelecimentos comerciais, sob pena de perda do alvará de funcionamento. No legislativo, as vereadoras Leo Kret do Brasil, Marta Rodrigues, Vania Galvão e Olivia Santana são nomes que se sobressaem no combate à homofobia. A respeito da não-aprovação da PLC 122/2006, Leo Kret afirmou em entrevista que é "um retrocesso para o Brasil ver tantos/as cidadãoes/ãs brasileiras assassinadas, agredidos/as e discriminados/as sem uma lei que os/as protejam e, especialmente, tendo direitos civis negados". Perguntada se há resistência à proposição de leis que venham a ampliar os direitos da população LGBTTIQ em Salvador, a vereadora disse que "se identificar qualquer resistência denunciarei sem pena, pois como Edis temos que ter consciência de nossa responsabilidade".

Por: João Araújo.