Por Ângela Machado
Coincidência ou não o Dia Internacional da Mulher de 2010 começou com uma conquista para o movimento feminista contemporâneo com os seis Oscares, inclusive Melhor Diretora e Melhor filme, abocanhados pelo filme Guerra ao Terror de Kathryn Begelow. A cineasta entra para a história como a primeira mulher a receber as estatuetas, oitenta e dois anos depois da instituição da maior premiação da indústria de cinena norte americana pela Academia Cinematógrafica de Hollywood.
Movimentos feministas além das mulheres e da mídia principalmente comemoraram o evento como uma genuína vitória da reivindicação pela igualdade de gênero. Considero-o mais que um fato isolado, uma vitória tardia. Não quero polemizar se outra cineasta já deveria ou não, ter levado o prêmio, o que me chama a atenção é que passou quase um século para que a habilidade necessária para se fazer um filme, fizesse parte das competências das mulheres e fosse reconhecida pela academia.
Mas o que é mesmo além da vitória de Kathryn Begelov que o Dia Internacional da Mulher 2010 ( o8 de maio oficializado pela ONU, em 1975) , tem a ser comemorado em mais de um século e meio de lutas do Movimento Feminista Organizado conta a opressão, o preconceito e a desvalorização da mulher que teima em persistir na sociedade.
As mais antigas reivindicações do movimento feminista (1857) como melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho continuam as mesmas e presentes nas estatísticas de hoje. As mulheres ainda ganham sessenta e hum por cento menos que os homens, mesmo exercendo a mesma função. Mesmo com todos os avanços, nós ainda sofremos, em muitos locais, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Ou seja quase as mesmas reivindicações de séculos passados. Este é um ponto crucial nesta história que conta suas mortas, assassinadas.
