quarta-feira, 31 de março de 2010

Salvador


Bandeira de Salvador

No barulho costumeiro da cidade, às conversas do ônibus de cada dia, voltava para casa depois de mais uma manhã de aula. De repente, um daqueles grupos de baianos voltando da praia do final de semana, começa o show.

"Comigo é na base do beijo, comigo é na base do amor..."
"Bebeu água? Não. Tá com sede..."
"Eu preciso de você, você precisa de mim..."
"Relaxe na bica, relaxe na bica..."
"Assim ela já vai, achar um cara que lhe queira..."
"Preciso de um back pra ficar na moral..."
"Cause all I ever have: Redemption songs..."
"Campeão, vencedor, Deus dá asas..."

Em meio a uma miscelânia de ritmos, gostos e sons, todos acompanhados de um timbau (instrumento de percussão) que, por vezes não se mostrava bem afinado, aquele ônibus foi, aos poucos, levado pela alegria daquele grupo de pessoas. A princípio os passageiros resmungavam, olhavam com cara feia, como se recriminassem aquela batucada no transporte coletivo. Mas, aos poucos, depois de brincadeiras sempre muito bem humoradas como "ele vai dá uma catchupada na barata dela", onde o cobrador e o motorista foram forçados a responder, correndo o risco de serem acusados de não ter intimidade com as baratas delas, aquele transporte e todas as pessoas dentro dele passavam a sorrir e, quase que involuntariamente, a entrar na brincadeira do pessoal do fundão.

Enquanto uma gringa se sacudia do meu lado, olhando como quem perguntasse "ei, você não vai sacudir, também?" eu pensava naquilo tudo e, durante aquele momento, senti inveja do pop-reggae-axé-internacional-gospel-pagode-samba-rock daqueles baianos, cantando, rindo, brincando despreocupados. Vivendo.

Parabéns, Salvador. Parabéns ao seu povo, que resiste aos inúmeros problemas sociais do dia a dia encantando a muitos, pelos quatro cantos do globo.


461 motivos para o turista não vir para Salvador

As prais e o sistema hoteleiro de Trancoso levaram elogios do New York Times
Salvador foi a primeira capital do país, em meados dos anos 1500, e é uma das últimas cidades do Brasil para se visitar, atualmente.

Apesar do crescimento do nível turístico da Bahia, Salvador ficou estagnada no tempo e não pode proporcionar aos turistas o conforto, segurança e as atrações necessárias para manter sua fidelidade. Enquanto o restante da Bahia descobre seu potencial turístico, o que proporcionou ao estado ser eleito pelo jornal The New York Times, dos Estados Unidos, como um dos 31 destinos para se visitar em 2010, Salvador não consegue desenvolver seu potencial cultural para atrair turistas.

Em contraponto à capital baiana, o município de Trancoso, no sul do estado, foi citado pelo Jornal New York Times, no seu caderno de viagem, por suas belas paisagens, além dos resorts e hotéis de luxo que garantem o bem-estar e a modernidade para seus hóspedes. Salvador também foi "mostrada" pelo jornal por sua beleza natural, citando o exuberante pôr-do-sol, o Carnaval e o Pelourinho.

Contudo, Salvador não é destaque para o jornal americano, que coloca o sul do estado como um dos principais destinos turísticos do nordeste. Salvador só é lembrada pelo carnaval que promove no mês de fevereiro.

Falta estrutura – Sem um sistema de transporte apropriado para uma grande capital, deficiente de um aparelho de segurança adequado, sem uma rede de educação convidativa, com extensos problemas de saneamento, ambientais e falhas graves em sistemas de adequação e prospecção cultural, Salvador está parada no tempo e vive atualmente de sua fama como a maior cidade negra fora da África.

Sua população afro-descendente é, coincidentemente, a que mais sofre com a falta de estrutura urbana. Não há vias de acesso rápido para o cidadão que tem residências nas periferias poderem desfrutar dos, já poucos, pontos turísticos que a cidade possui.

O que poderia ser o ponto forte da capital de quase meio século, a sua cultura está baseada em grande monumentos culturais sazonais, que são destacados pelo New York Times, como o carnaval. A festa de momo atrai milhares de turistas de todos os lugares , mas não é o suficiente para mantê-los, por aqui, pós-quarta-feira de cinzas.

Esse turismo apenas no carnaval já provocou uma grave crise na estrutura turística de Salvador, pouco tempo atrás. Os turista não encontravam naquela época (e não encontram agora) um bom motivo para ficar em Salvador, que tem poucas opções culturais ao percorrer do ano e perde em atrativos para as cidades turísticas do sul, que segundo o jornal americano são “as próximas paradas” para os turistas norte-americanos mais antenados e que estão em busca de badalação e luxo.

A diversidade cultural do estado, praias e uma nova leva de hotéis de luxo, estão se tornando um “playground do jet set”, mas, Salvador fica de longe observando o turista fugir da sua falta de estrutura e sabedoria em manter viva a cultural ancestral.

Cresce o número de homicídios em Salvador


Na última segunda-feira, 29, Salvador completou 461 anos de existência. Para comemorar tão importante data, a prefeitura da cidade organizou uma festa gratuita na Praça Castro Alves, que foi comandada pela sensação do momento, a banda Parangolé. A festa foi bonita. O público presente seguiu os passos de Léo Santana, que em cima do palco dançava o Rebolation. Mas será que tudo é festa na Terra de Todos os Santos?

Segundo dados do Centro de Documentação e Estatística Policial, da Secretaria da Segurança Pública (Cedep/SSP), o número de homicídios em Salvador e região metropolitana aumentou em 58%. Entre janeiro e março de 2010 foram registrados 552 assassinatos, enquanto que no mesmo período do ano passado foram registrados 349. (Os dados foram retirados do site Notícias da Bahia)

Grande parte destes homicídios ocorrem nos finais de semana. Entre a noite de sábado, 20, e a tarde domingo, 21, do mês de março, foram registrados em Salvador 19 homicídios pela CENTEL – Central de Telecomunicação das Polícias Civil e Militar. Esse número alcança a marca assustadora de quase um homicídio por hora. E, como já é de se esperar, a maioria das ocorrências são em bairros periféricos da cidade, como Periperi, Castelo Branco, Valéria, Liberdade e por aí vai.


A tragédia é anunciada. Não é de hoje que os números acusam Salvador como uma das cidades mais violentas do país. Autoridades da área de segurança pública e estudiosos sobre o assunto apontam como causas do problema velhos conhecidos da população: o desemprego, a desigualdade social e precariedade do ensino público. Além desses, outro vilão que aparece como causa dos homicídios, principalmente nos fins de semana, é o álccol.


Idade nova, problemas velhos. No aniversário de 461 anos, a capital baiana ganha um presente indigesto. A população de Salvador clama por segurança. Até quando nossos governantes continuarão tapando o sol com a peneira, realizando festas em vez de proporcionar segurança aos seus cidadãos?

Caos e descaso no trânsito de Salvador


Salvador passa por sérios problemas com relação ao trânsito. O número crescente de automóveis nas ruas, aliado à má conduta dos motoristas, às ruas estreitas e à falta de viadutos que dificultam o escoamento do fluxo de veículos contribuem para a desordem do trânsito local. Construção de vias alternativas e qualificação do transporte de massas são possíveis soluções. Enquanto a prefeitura ainda luta para colocar o metrô em funcionamento, a Avenida Luiz Viana Filho (Paralela), região que tem recebido grandes investimentos imobiliários, parece ser a próxima vítima da piora no trânsito.

Com uma população que beira os três milhões de habitantes e com uma frota de 678.739 veículos cadastrados (dados do Detran), o trânsito soteropolitano carece de planejamento e articulação entre os órgãos da prefeitura. Somente entre janeiro e fevereiro deste ano, 3.574 novos automóveis ganharam as ruas, inchando ainda mais os grandes centros.

Segundo o arquiteto Heliodorio Sampaio, doutor em Arquitetura e Urbanismo e professor titular de Planejamento Urbano da Faculdade de Arquitetura da Ufba, a situação do trânsito na capital baiana é “caótica e lamentável” e as ações das sucessivas gestões municipais são ineficazes e descontínuas. “Falta uma gestão competente, continuada e com investimentos na qualificação de pessoal, equipamentos e monitoração do tráfego. Nem sempre o planejado é executado, agravado pela descontinuidade administrativa”. Segundo ele, “a prioridade para o transporte coletivo, a única saída para as grandes cidades, é apenas um discurso gasto e repetitivo, sobretudo em ano eleitoral”.

Heliodorio Sampaio sugere que para desafogar o trânsito da cidade e otimizar o tempo de motoristas e passageiros é necessário planejamento. “Planejar a cidade para o transporte coletivo e os pedestres, e não continuar fazendo investimentos só para o automóvel. O carro individual é um “cancro” que corrói as grandes cidades, e nas mais pobres é algo perverso. Só a classe média alienada ainda pensa que, com seu automóvel irá a qualquer canto e a qualquer hora”, afirmou o arquiteto, para quem a realidade é maquiada pelo discurso demagógico do marketing urbano.

Motorista de táxi há 13 anos, Antônio Pereira dos Santos, 55, tem seu trabalho prejudicado pelo trânsito. “Ao invés de fazer três corridas só conseguimos fazer uma. O carro esquenta, é ruim pra todo mundo”, reclama. Para ele, a cidade não tem um sistema de transporte que atenda à demanda da população. Segundo o taxista, a solução seria “a criação de vias alternativas por parte da prefeitura”, a exemplo dos viadutos. Com relação à possibilidade de rodízio de veículos, é bastante crítico. “Você compra seu carro, paga IPVA, é um direito que você tem de circular. Com uma medida dessas, o cara compra dois carros, anda um dia com um, um dia com outro, vai piorar a situação”.

Luíz Antônio Teixeira de Almeida, porteiro, 37 anos, chega a passar duas horas e meia dentro do ônibus. Na sua opinião, a prefeitura deveria deslocar estabelecimentos comerciais para criar novas pistas, a exemplo do que está acontecendo com as obras da Via Expressa, que ligará a BR-324 ao Porto de Salvador e desapropriará 771 imóveis ao longo da via. Mas preocupa-se com o destino dos moradores e comerciantes. “A cidade está crescendo e sua estrutura, mal feita, não permite abrir pistas. E o pessoal vai pra onde?”, argumentou o porteiro.

Para José Herculano Neves Bispo, 58 anos, taxista há nove, o trânsito atual é o pior dos últimos anos. “Aqui não tem um sistema de transporte de massas. O transporte da gente é caótico, e aí todo mundo pega o seu carrinho e vai pra rua e fica essa loucura”, afirmou o taxista, que considera as avenidas Barros Reis e Mário Leal Ferreira (Bonocô) e o bairro do Iguatemi os piores lugares para se transitar. Como principal solução para os constantes congestionamentos, sugere o aumento e qualificação do transporte de massas por parte da prefeitura.

A Avenida Luiz Viana Filho parece ser o próximo alvo do inchaço no fluxo de veículos. Com o boom imobiliário no local, dezenas de prédios estão sendo construídos simultaneamente, e o impacto se fará sentir a partir de 2011, provável ano de entrega dos imóveis. O resultado será um incremento na população residente à avenida, que comportará um número de pessoas similar ao de uma pequena cidade. Segundo dados do jornal A Tarde, entre 20 mil e 30 mil veículos passarão a circular diariamente no local, aumentando ainda mais o já sobrecarregado fluxo de automóveis da região.



Salvador: Capital Mundial?

Em meio aos seus 461 anos é com o, no mínimo, presunçoso slogan de “Salvador: Capital Mundial”, o prefeito João Henrique lançou uma série de 22 projetos realizados em parceria com empreiteiras e escritórios de arquitetura para “modernizar” a cidade nas próximas duas décadas.

Ponte sobre o Parque de Pituaçú é a menina dos olhos da prefeitura

O pacote envolve projetos já em fase avançada de planejamento e/ou execução, como o Parque Tecnológico na Paralela, a requalificação da Feira de São Joaquim e a reconstrução da Fonte Nova; outros de extrema necessidade (mas difíceis de acreditar que saírão do papel), como a reforma no sistema de transporte público da cidade; e outros que soam mais como extravagâncias arquitetônicas, como uma passarela rolante no coração do Centro Histórico ou um segundo “calçadão” entre o Morro de Cristo e Ondina.

Dentre os mais de 20 projetos, a maior parte diz respeito a intervenções na orla Atlântica, a construção de 3 vias expressas, e a requalificação de algumas regiões da cidade, como a Península de Itapagipe e o Ímbui. Entretanto, não há nenhuma resposta, por exemplo, sobre como resolver o problema do déficit habitacional na Região Metropolitana do Salvador (RMS), que atinge a marca de 141.025 unidades segundo dados de 2007 do Ministério da Cidades, a não ser pela proposta de transformar o desativado Cajazeiras Golf Clube num conjunto habitacional.

Enquanto a discussão não é massificada, o primeiro passo da prefeitura foi investir numa exposição, em pleno Salvador Shopping, com as propostas que integram o projeto “Salvador Capital Mundial”. Mas já existem muitas vozes que reivindicam uma maior discussão sobre a natureza dos mesmos, dentre elas o CREA-BA (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), o IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil) e o Ministério Público. Segundo eles, conforme apurou o Jornal A Tarde em matéria publicada no dia 27 de fevereiro deste ano, as propostas serviriam, essencialmente, aos interesses das empresas que propuseram os projetos e criticam a não realização de debates com a sociedade. Outra mobilização acontece junto à Associação de Moradores da Boa Viagem, que reivindica a revogação do Decreto Municipal 19.418, assinado em 2009, e que desapropria grande área de Península de Itapagipe.

Confira fotos de alguns dos projetos abaixo:




E confira, aqui, vídeo institucional da prefeitura sobre os projetos:

O que comemorar nesse dia 29 de março?

Reprodução, Foto de Claudiana Silva Rio Lucaia poluído, na Avenida ACM




Aos 461 anos Salvador, uma criança ainda, não está em sintonia com o mundo. Falo especificamente de questões ecológicas. No dia 22 de março saiu um estudo que falava da situação dos rios/esgotos da cidade. De acordo com a pesquisa A Qualidade Ambiental das Águas e da Vida Urbana em Salvador, feita pelo Centro Interdisciplinar de Desenvolvimento e Gestão Social, da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia (Ciags-Ufba), dos 12 rios da cidade, 10 apresentam níveis críticos de poluição. Somente os rios do Cobre e o Ipitanga, têm índice regular ou bom.

Além disso, a Prefeitura Municipal, na contramão dos esforços mundiais para despoluir rios e nascentes nos perímetros urbanos, cobriu em 2008 o Rio dos Seixos, na Avenida Centenário, em meio a protestos de entidades que defendia a revitalização do rio, no lugar de cobri-lo. Está em andamento, também obras para cobertura do Rio das Pedras no Imbuí, com placas de concreto. Mesmo com protesto do Instituto de Gestão das Águas e Clima da Bahia - Ingá.

Para a população parece ser a melhor solução tapar o rio. Essas populações, principalmente os moradores mais antigos dessas localidades, admitem um dia já terem tomado banhos, lavado roupas, e até mesmo consumido essas águas, e mesmo assim, defendem a cobertura desses rios, como podemos perceber nas propagandas da Prefeitura - moradores do Imbuí defendem tampar o Rio da Pedras, alegando o mau cheiro e os constantes alagamentos em dias de chuva. Esse mau cheiro é causado pelos despejos de dejetos nos rios, e os alagamentos pelo entupimento dos canais com lixos sólidos.

Um projeto para despoluir e evitar jogar dejetos nessas águas poderia resolver esses problemas, e levaria para as populações que vivem a margem desses rios mais qualidade de vida. Mas se o poder público não apresenta outra alternativa, a não ser tapar os rios, os moradores vão preferir vê-los tapados, a ter que conviver com o mau cheiro e os alagamentos. Há quem diga que a Prefeitura de salvador pretende ainda, tapar mais dois ou três canais da cidade. O canal da Avenida Vasco da Gama, o do Iguatemi e do Vale do Canela.

Tampar os rios ao invés de incluí-los na malha urbana da cidade, com grandes volumes de recursos públicos é um crime ambiental. Mesmo cidades brasileiras, como é o caso de Belo Horizonte que tem feito projetos, desde 2003, de recuperação e revitalização de seus rios, para incluí-los como fonte de lazer para a população. Salvador chega ao seu 461º aniversário com seus rios degradados e sendo aos poucos encobertos, a Prefeitura prefere jogar o lixo pra debaixo do tapete. Até quando vamos permitir isso? Por que, simplesmente, não seguimos o exemplo de cidades como Londres, Seul, ou mesmo Belo Horizonte?

















































terça-feira, 30 de março de 2010

Capital do Bahia comemora 461 anos relembrando os 50 anos de Taça Brasil

Salvador festejou seus 461 anos de fundação na última segunda, 29/03. Essa data é muito comemorada e acaba trazendo boas lembranças para o povo baiano, principalmente para uma parcela da população, já que em 29 de março de 1960, o Esporte Clube Bahia se tornou o primeiro time do futebol brasileiro a conquistar um título nacional, a Taça Brasil de 1959.



Após o 3x1 de virada com gols de Vicente, Léo e Alencar, a capital do Bahia estava em festa, com direito a carreata da torcida. O primeiro campeão brasileiro conquistou o feito contra um dos times mais famosos da época: o Santos de Pelé. A partida era a terceira das finais da Taça Brasil e ocorreu no Maracanã. Antes disso, o Bahia já tinha vencido o primeiro jogo na Vila Belmiro por 3x2, e perdido na Fonte Nova por 2x0. Com a conquista, o Bahia também se tornou o primeiro clube brasileiro a disputar a Taça Libertadores da América.


Na campanha, o Bahia bateu CSA, Ceará, Sport, Vasco e Santos. Nadinho, Nenzinho, Henrique, Beto, Flávio, Vicente, Marito, Alencar, Léo, Mário e Biriba foram os heróis da última partida.


Mesmo que a imprevisibilidade do futebol não seja novidade, derrotar um dos melhores times do mundo e calar os críticos em todo o Brasil faz com que boa parte do povo baiano, depois de cinqüenta anos, ainda se sinta orgulhoso.