segunda-feira, 22 de março de 2010

FESTIVAIS MOVIMENTAM A CENA TEATRAL BAIANA

Balada de Um Palhaço (GO), Teatro Vila Velha - Fotografia Fernanda Mascarenhas


Circulação de espetáculos, troca de idéias, intercâmbio cultural, formação profissional e de platéia, divulgação da produção baiana, interferência no calendário cultural do estado, muita celebração e reflexão. Esta vasta rede de atuação é o que propõe a maioria dos festivais de artes cênicas na Bahia.

Na última semana, aconteceu entre os dias 15 e 21 de março, a Salvador 2ª edição do Festival Nacional de Teatro da Bahia. Foram 23 espetáculos a preços populares em diferentes espaços culturais na cidade, que dinamizaram o cenário teatral baiano e promoveram o intercâmbio entre diferentes grupos. Além das apresentações, o evento englobou ciclos de debates e oficinas de teatro.

Idealizado pela Cooperativa Baiana de Teatro (CBT), esta foi a segunda edição do evento, sendo que a primeira aconteceu mais de um ano, em novembro de 2007. Tanta demora entre uma edição e outra se deu por conta daS dificuldadeS de conseguir realizar um evento desta dimensão, especialmente no que se refere a patrocínio.

Os festivais de teatro servem para promover grupos independentes, divulgar a produção local e atrair mais público. Para o estudante Igor Carvalho, eventos como este são importantes pela diversidade que promovem. “Acho válido que aconteçam os festivais, porque além de promover o teatro baiano, trás até nós, público, a oportunidade de assistir às produções locais e comparar com as de outros Estados”.

Para os grupos de teatro, é uma oportunidade de conseguir espaço para mostrar seu trabalho, pois além da dificuldade de divulgação, é freqüente não conseguir pautas nos teatros, que em sua maioria trabalham com critérios próprios de seleção; os maiores, como o TCA (Sala Principal) além de caros, selecionam a sua programação com meses de antecedência. A Sala do Coro, apesar de ser um espaço mais acessível em termos financeiros, está sempre com a agenda lotada.

Teatros menores como o Martin Gonçalves (UFBA) também têm a política de seleção “O teatro Martim Gonçalves é a idéia de um laboratório mesmo. Um laboratório para ensino, pesquisa e extensão. A prioridade com certeza são nossos alunos de graduação e pós-graduação”, informa Eliene Benício, diretora da Escola de Teatro da UFBA; questionada sobre o aluguel de pautas, informa: “Raras, raros e a gente seleciona inclusive que tipo de trabalho a gente quer aqui, que têm a ver com o pedagógico da escola, com a estrutura pedagógica entendeu?”.

Já Mauricio Assunção, ator e coordenador do Teatro Gamboa Nova, sabe que não é fácil a produção teatral na Bahia. “As dificuldades são muitas, sim! Especialmente encontrar quem queira pagar pelo seu projeto, principalmente, se o espetáculo não tiver atrelado a algum festival, edital ou coisa e tal... Se estiver sozinho querendo captar recurso para montar ou circular com um espetáculo teatral, é um martírio sem fim.” desabafa. Mauricio revelou ainda que por conta dessas dificuldades que o Gamboa tem uma política de apresentação diferenciada, entretanto é necessário passar por uma seleção.

“O Teatro Gamboa conseguiu um rápido reconhecimento no meio artístico após sua revitalização por justamente não cobrar pauta, dar assessoria de impressa, material gráfico, técnico de luz e som e ter a bilheteria integralmente revertida para o artista, ou seja, o mesmo só entra, literalmente, com o fazer artístico e isso nos leva hoje a estar com a pauta fechada até o final do ano, sendo que temos apresentação sempre de quarta à domingo”.

As dificuldades de patrocínio nem sempre permitem que os festivais aconteçam com a duração prevista por seus idealizadores/organizadores, contudo, este ano já foram confirmados dois grandes Festivais: o Festival Latino Americano da Bahia – FILTE, (de 9 a 19 de setembro) e FIAC BA - Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia (que acontecerá entre os dias 21 e 31 de outubro de 2010), ainda está em fase de seleção de espetáculos. Quem tiver interesse de participar pode mandar seus trabalhos para a produção do evento.