quarta-feira, 10 de março de 2010

Muito trabalho e pouca remuneração.

Nos últimos cinqüenta anos um dos fatos mais marcantes ocorridos na sociedade brasileira foi a inserção crescente das mulheres na força de trabalho. Este contínuo crescimento da participação feminina é explicado por uma combinação de fatores econômicos e culturais. De acordo com o último levantamento da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego, referente a 2007, a participação feminina no mercado de trabalho formal brasileiro cresceu 7,5%, enquanto a masculina foi de 6,6%. Outro fator de destaque na pesquisa é que as mulheres ocupavam 394,3 mil postos de trabalho que precisavam de formação universitária, valor 130% superior às vagas preenchidas pelos homens nas mesmas condições.

Contudo, a diferença salarial entre os sexos continua grande. O relatório publicado pelo Fórum Econômico Mundial aponta que o Brasil é a 82ª nação – dos 134 países participantes – com as maiores diferenças entre homens e mulheres, sendo que o pior desempenho ficou por conta das diferenças salariais e da participação no mercado de trabalho.

Essa diferença demonstra um paradóxo pois, de acordo, com a Síntese de Indicadores Sociais (SIS 2009), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a escolaridade média das mulheres ocupadas na área urbana, em 2008, era de 9,2 anos de estudos e, dos homens, 8,2. Quando se fala em nível superior completo ou incompleto, as mulheres continuam em destaque. De cada 100 pessoas com 12 anos ou mais de estudo, 56,7 eram do sexo feminino.

Vale ressaltar que ainda existe o trabalho não remunerado da mulher, especialmente aqueles realizados no âmbito familiar, que não são contabilizados por pesquisas estatísticas e não possuem valorização social - nem pelas próprias mulheres - embora contribuam significativamente com a renda familiar e venham crescendo, englobando inclusive atividades exercidas para grandes empresas.

(Por Iali Moradillo e Taisse Abreu)