quarta-feira, 10 de março de 2010

Mãe!


"Mães são mães até de baixo d'água"
Entrei na Sala de Arte da UFBA, no Pavilhão de Aulas do Canela, para ver mais um filme a dois reais (promoção para estudantes da UFBA). Era domingo, véspera do Dia Internacional da Mulher. Vi, em uma sala cheia, “Mother” (Hangul – 2009), do diretor japonês Bong Joon-Ho.
Fora, as boas características apreciáveis para um cinéfilo, como uma exuberante imagem, roteiro suave e deslizante e uma ótima, simples e emocionante interpretação dos atores Kim Hye-já e Won Bin, mãe e filho no filme, respectivamente, a película agradou-me, em especial, por como contou a história de uma mãe.
A personagem Hye-já ( imagem à cima)é mãe solteira e vendedora de ginseng, faz alguns bicos, ilegalmente, com acupuntura. Do-joon, 27, seu único filho, é um garoto especial, que tem apenas um amigo, Jin Tae, ex-soldado do exército e que mora longe da vila. Depois de ser atropelado por uma Mercedes, Do-joon sai para “se vingar” e, acaba preso por agressão. Aqui começa a angústia de uma mãe que depois verá seu filho detido sob acusação de assassinar uma jovem estudante.
Sem mais spoilers sobre o bom filme de Bong Joon, que foi comparado recentemente a Alfred Hitchcock e também está em cartaz com “Tókio!”.
Mulheres, mães são assim - Fazendo uma pequena elipse ao meu passado, lembro que minha mãe (e suponho a maioria delas) não era muito diferente da personagem do filme. Ela sSempre pensava primeiro em minha segurança, o que sempre pensei ser natural, o contrário seria estranho.
Em fevereiro fiz, com ajuda de minha colega de trabalho, Dayanne Perreira, duas entrevistas com duas mães do subúrbio de Salvador. Uma era casada e a outra divorciada por duas vezes. Uma era órfã e a outra cuidava dos seus irmãos menores aos oito anos. Ambas sofreram muito para serem mães. Márcia Dionato, 33, tem um filho de sete anos e só foi descobrir que tinha uma doença gravíssima ao fazer o pré-natal. Hoje ela está grávida do segundo filho e terá que diminuir a dose do remédio que toma para controlar sua doença. Contudo, segundo Márcia, passar por essa experiência vale a pena. “Vou supri tudo o que eu não tive a mãe e o pai que eu não tive. Serei para o meu filho ou filha tudo que não foram para mim”, relata.
Já a outra mãe, Maria das Graças, 50, teve que passar por uma grande barreira recentemente. Seu filho mais velho e que morra com ela, Fábio, 27, teve hepatite em 2009. “Ele sentia dores muito fortes, quase morreu”, relata a mãe. Maria das Graças frequentou o hospital onde o filho ficou internado todos os dias e, talvez por isso, tenha ficado enferma, também, com fortes dores nas pernas, logo após seu filho ficar melhor.
Em ambos os casos as mães não desistiram de seus filhos. Em “Mother!”, Hey-já também não desiste de seu filho e faz de tudo para provar que o rapaz é inocente. Parece claro, para mim que, ser mãe (“Mães”, segundo a Wikipédia, são aquelas que geram uma vida em seu útero ou que cuidam da cria de outrem) é algo que está além da natureza biológica e é um “carma” para toda vida para aquelas que “escolhem” isso.
Agradeço minha mãe por cuidar de mim (até hoje), agradeço à Maria das Graças e Márcia Dionato por me contarem suas vidas como mães, e agradeço à Bomg Joo por retratar em seu filme mais uma mãe, como outra qualquer!