Pesquisas realizadas pela Cetelem --financeira do grupo francês BNP Paribas—concluíram que apenas em 2009 aproximadamente 8 milhões de brasileiros passaram a ocupar a classe média ante o ano anterior, totalizando 92,8 milhões de pessoas. "O consumo vai se manter aquecido nos próximos 12 meses. O brasileiro está poupando e planejando o que vai comprar tendência que deve ser mantida nos próximos anos pela melhora do cenário econômico nacional", disse o diretor geral da Cetelem no Brasil, Marcos Etchegoyen, em evento com jornalistas. Segundo ele, medidas anti-cíclicas adotadas ao longo do ano passado, como a desoneração e/ou redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para produtos de linha branca, automóveis e materiais de construção, também levaram ao avanço do consumo no país e, consequentemente, à migração de classes.
O levantamento apontou que, no ano passado, a renda média das famílias brasileiras atingiu o recorde de R$1.285, impulsionada principalmente pelo aumento dos ganhos das classes C e D/E. A classe A/B, contudo, registrou leve queda na renda, que passou de R$ 2.586 para R$ 2.533 reais na comparação anual. "Os efeitos da crise foram mais diretos no topo da pirâmide", assinalou Etchegoyen. A pesquisa revelou ainda que, após a crise financeira mundial, o brasileiro passou a poupar mais. Em 2009, os recursos destinados a aplicações, poupança e investimentos somaram R$ 535,31 reais,
A classe C, ao mesmo tempo em que foi a que mais poupou no ano passado, foi aquela que mais recorreu ao crédito. "Esse movimento mostra um consumidor mais maduro e consciente. Nesse sentido, em 2009, as pessoas se sentiram mais seguras para comprar itens financiados, segundo o estudo, que identificou uma tendência de crescimento de compras financiadas de eletroeletrônicos --principalmente de televisões--, fogões e geladeiras, além de carros. Nos últimos cinco anos, o número de pessoas que precisou atrasar algum pagamento também diminuiu. Em 2009, apenas 3 por cento declararam ter atrasado uma prestação, enquanto em 2005 o índice era de 9 por cento.