quarta-feira, 5 de maio de 2010

Qual a origem do dia das mães?


Os primeiros relatos que se têm sobre o dia das mães remontam à Grécia. Os gregos homenageavam anualmente a titã Réia, esposa de Cronos. Ambos, Réia e Cronos, eram filhos de Urano e Gaia, e tinham mais dez irmãos. Na mitologia grega, um oráculo avisa a Cronos que seu filho mais novo o trairá e o destituirá do poder, como o próprio Cronos havia feito anteriormente com seu pai Urano. Temeroso, ele começa a engolir todos os seus filhos tão logo nasçam.
Não querendo ver a destruição de toda sua prole, Réia manda Zeus, o sexto deles, para a ilha de Creta, substituindo-o por um boneco de pedra que Cronos engole no lugar do filho. Em Creta, Zeus é criado pelas criaturas conhecidas como Dáctilos. Já adulto, o líder do panteão grego abre a barriga de Cronos e tira de lá seus irmãos Hera, Poseidon, Hades, Deméter e Héstia, com a ajuda dos quais bane os titãs para o Tártaro.
As homenagens a Réia aconteciam com a chegada da primavera, e eram marcadas por presentes e oferendas. Cibele, correspondente a Réia na mitologia romana, também era homenageada. As festas em honra a ela ocorriam sempre entre 15 e 18 de março, e duravam três dias.
No ocidente cristão, embora muitos historiadores encontrem a origem do dia das mães nas homenagens e celebrações à Virgem Maria, especialmente em certos ritos e novenas medievais em tributo à Nossa Senhora durante períodos bem específicos do ano, é certo que a primeira comemoração moderna semelhante ao Dia das Mães como o temos hoje se dá no Mothering Day inglês do século XVII. O Mothering Day, que ocorria sempre no quarto domingo da quaresma, era dedicado às mães das operárias inglesas, que tinham folga nesse dia, e marcado por tradições bem parecidas com as atuais, como a feitura de bolos (chamados de mothering cakes) e a entrega de presentes durante a missa.
Nos Estados Unidos, a escritora Julia Ward Howe, autora do Hino da Batalha Republicana (uma canção patriótica muito popular durante a Guerra Civil Americana reinterpretada por diversos artistas ao longo do século XX) sugeriu já em 1872 a criação de uma data para homenagear as mães. Em 1904, Anna Jarvis, jovem norte-americana cuja mãe havia prestado serviços comunitários durante a Guerra Civil, entrou em depressão após a morte de sua mãe. Suas amigas e vizinhas, tocadas pela sua dor e sofrimento, começaram uma campanha pela criação de um feriado nacional em homenagem à mãe de Anna, que se juntou às amigas na campanha, apenas sugerindo a mudança de que ela deveria ser feita em prol da criação de um feriado para todas as mães.
Em 1914, dada a repercussão gerada pela empreitada dessas mulheres, o Congresso aprovou um projeto de lei, mais tarde oficializado pelo então presidente Woodrow Wilson, que decretava o dia 9 de Maio como feriado de dia das mães (por coincidência, esse ano o dia das mães cairá nos Estados Unidos, onde hoje também é comemorado no segundo domingo de maio, nesta mesma data).
Depois da criação da data nos EUA, não demorou muito para que diversos outros países criassem seus próprios feriados de dia das mães. No Brasil, o segundo domingo de maio foi decretado como dia das mães por Vargas em 1932. Em 1947, Dom Jaime de Barros Câmara, então arcebispo do Rio de Janeiro, incluiu a data também no calendário da Igreja. A partir daí, não tardou para que o feriado adquirisse, na maioria dos países onde passou a existir, um caráter comercial muito forte. Isto desagradou a própria Anna Jarvis, que na década de 20 do século passado, criou a Associação Internacional do Dia das Mães e começou a fazer, ao lado da irmã, campanha contra o feriado (ou contra o que ele havia se tornado). Ambas morreram pobres, gastando o dinheiro da herança da família nessas campanhas.
Os países árabes têm sua própria versão do dia das mães, o comemorando em geral no dia 21 de Março. Os países africanos também possuem versões do feriado, adaptadas em geral das nações pelas quais foram colonizados no final do século XIX e início do século XX. Anteriormente a esse período, havia uma série de comemorações a deusas mãe e mesmo às mães como um todo em algumas tribos da África, mas a maior parte dessas tradições foram abandonadas com a colonização.
Em diversos países, o feriado ocorre em datas “menos arbitrárias”, por assim dizer, tendo lugar em dias significativos para as mulheres ou mães daquele país, como é o caso da Bolívia, onde o dia das mães é comemorado em 27 de Março por conta da Batalha de Coronilla, ocorrida onde hoje fica a cidade de Cochabamba durante a idependência do país, na qual mulheres combatentes foram massacradas pelos exércitos espanhóis.
Hoje, o dia das mães é comemorado no mundo inteiro, e algumas tradições, como os presentes e as flores, se internacionalizaram. O feriado, antes marcadamente ocidental, tem inclusive ficado popular em alguns países onde até recentemente sequer existia, como a China e Bangladesh.

Por João Araújo.